mudar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de diversas doenças – especialmente
no caso delas.
Até pouco tempo atrás, do ponto de vista da medicina, os homens e as mulheres eram, exceto pelos seus órgãos reprodutores, essencialmente iguais. Na definição do antropólogo e anatomista alemão Rudolf Virchow (1821-1902), o homem era um ser humano ligado a um par de testículos e a mulher, por sua vez, um par de ovários ligado a um ser humano. A enunciação de Virchow, considerado o pai da patologia moderna, norteou praticamente todos os estudos científicos sobre a fisiologia humana. Nos últimos vinte anos, porém, investigações científicas começaram a derrubar a clássica teoria de Virchow. Homens e mulheres pensam, agem e sentem de modo completamente distinto. Eles e elas enxergam, fazem a digestão, sentem cheiros, respiram e transpiram de forma diferente. O coração deles bate de um jeito e o delas de outro. O pulmão, o sistema imunológico, a audição, o paladar, a pele... Enfim, as dessemelhanças entre os sexos vêm surpreendendo mesmo os pesquisadores da medicina de gênero – um ramo que nasceu em meados da década de 90 e propõe condutas específicas para cada sexo, tanto na prevenção como no tratamento de diversos males.
A medicina de gênero é uma revolução. "Vivemos um dos momentos mais fascinantes da ciência. Para onde quer que olhemos, há sempre uma diferença entre homens e mulheres", diz a cardiologista americana Marianne Legato, no livro Eve's Rib (A Costela de Eva). Essa revolução só não ocorreu antes porque, além da inexistência de exames clínicos e de imagem mais acurados, capazes de mostrar as diferenças fisiológicas determinadas pelo sexo, havia um secular entrave cultural: numa sociedade dominada por homens, em que a mulher tinha um mero papel coadjuvante, considerava-se mais adequado ao estudo do corpo humano o organismo masculino – do qual o feminino nada mais seria do que decalque. Ecoava-se, assim, no plano científico, a passagem bíblica do Gênesis: "E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher". Para se ter uma idéia de aonde o patriarcalismo nos levou nessa área, dois terços das doenças que afetam os dois sexos foram investigados exclusivamente em homens. "Tradicionalmente, a mulher só era considerada objeto de pesquisa científica sob 'a ótica do biquíni'", como define a médica Marianne, fundadora, ainda, do departamento de medicina de gênero da Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos.
Com a emancipação feminina e a liberação da ciência de amarras arcaicas e misóginas – fatos sociais que se aliaram ao desenvolvimento tecnológico –, pôde-se dar curso a estudos mais aprofundados sobre a fisiologia feminina e suas variações em relação à masculina. As descobertas se sucedem num ritmo que só não pode ser chamado de avassalador porque não existe tal ritmo na esfera da medicina. Mas elas têm caminhado relativamente depressa. Entre outras coisas, hoje já se sabe que o cigarro é mais nocivo para os pulmões delas do que para os deles. Que, quando eles sofrem uma obstrução coronariana, as artérias entupidas tendem a ser de grosso calibre – ao passo que, no caso delas, os vasos cardíacos atingidos são mais finos – e também que as células de defesa das mulheres são mais ativas.
No entanto, o caminho a ser percorrido na diferenciação dos tratamentos é longo. Tome-se um exemplo bastante ilustrativo: seis em cada dez remédios disponíveis hoje no mercado são eliminados de forma mais rápida do organismo feminino do que do masculino. Isso quer dizer que o tempo de ação desses medicamentos tende a ser menor nas mulheres. É o que acontece com o anti-hipertensivo verapamil. Como o remédio desaparece mais velozmente da corrente sanguínea das mulheres, o tratamento não é tão eficiente entre elas quanto é entre eles. A explicação está na enzima CYP3A4. Ela é 40% mais ativa nas mulheres do que nos homens. Produzida no fígado e nos intestinos, a substância é uma das principais responsáveis pelo metabolismo de medicamentos em geral.
Sob o ponto de vista estritamente biológico, as diferenças mais marcantes entre homens e mulheres decorrem da interação entre os genes e os hormônios. E, entre as cerca de três dúzias de hormônios que regem tanto o organismo masculino quanto o feminino, dois têm papel preponderante. A testosterona é fundamental na formação e manutenção das características físicas masculinas. O equivalente feminino da testosterona é o estrógeno. Eles não só determinam características exteriores e comportamentos como regem o funcionamento de órgãos essenciais. Se é graças à testosterona que os homens têm músculos mais desenvolvidos, são mais peludos e têm voz mais grossa, é por causa dela também que o esqueleto deles está mais protegido contra a osteoporose. Se é graças ao estrógeno que as mulheres têm seios protuberantes e a voz mais aguda do que a dos homens, é por causa dele, ainda, que as artérias cardíacas delas estão mais protegidas contra o depósito de placas de gordura – pelo menos até por volta dos 45 anos, quando a produção desse hormônio pelos ovários começa a minguar, até cessar definitivamente com a chegada da menopausa. Mais: asma, artrite reumatóide, epilepsia, diabetes e depressão, entre outros males, podem ter seus sintomas agravados pela falta de estrógeno.Muitas das diferenças entre o comportamento feminino e masculino são determinadas pela genética, e não apenas por questões culturais.
Somos diferentes sim, biológicamente falando.
Mas não somos menores nem piores que os homens!!!
É muito interessante a diferença entre homens e mulheres tanto fisiologicamente quanto psico! Falar que eles são iguais é um equivoco! Nunca vi seres tão diferentes claro que com suas semelhanças mas hoje em dia sabemos que há mais diferença do que pensávamos tempos atrás!
ResponderExcluirEsse Virshow era um homem que mudou seu tempo, mas o tempo mudou, e agora estamos prestes a descobrir novas doenças que tem só efeitos em mulheres e vice-versa.
A histeria, por ex, descoberta por Freud, é um exemplo de doença só causado em mulheres. Já que elas ficam histéricas por falta de sexo!
Estamos vivendo numa época mais aberta, agora pra testar tudo mais nas mulheres tb!
Obrigado pelo blog INDICOESSE estar do lado aí nas atualizações!
ResponderExcluirE quero tb dizer que seu blog é muito bacana. Esse seu último texto é longo mas bastante instrutivo. Gosto de aprender!
Até amanhã, joseense!! bjo
Amiga, amei o post.Somos diferentes principalmente na forma de amar.Mas nãodevemos generalizar, não é?
ResponderExcluirSei queem toda regra existe uma exceção, masacho que desisto de entender o universo masculino e apenas passo a aceitá-los do jeito que são.
Grande beijo e um lindo dia.
Gostei muito desse Post!!Somos mulheres,somos especias!!Somos fragis e mas,somos muito fortes quando preciso!!
ResponderExcluirhttp://kallynka.wordpress.com/
somos mulheres capazes, inteligentes a prova é o artigo acima.
ResponderExcluirEstou seguindo.
quando puder me visite.